Conheci a Lúcia vagando como louca pela Lavagem.
Sua boca arrastava palavras das profundezas.
Coisas que ainda não conheciam explicação.
Palavras com gosto de origens.
Ela espalhava coisas primais pelos caminhos,
Desperdícios.
O povo da Lavagem não entendia seu jeito de vagar.
Ela cuspia por onde passava.
Em cada lagoa de cuspe um beija-flor se alimentava.
O entardecer pousava em seu ombro.
Sua mão servia de guarida para as lagartas.
Aqueles bichinhos se alimentavam ali e depois faziam seus casulos.
Só se via era borboletas voando de suas mãos.
A Lúcia era uma andarilha.
Marcos Andrade Alves dos Santos (Colaborador Oficial Escrita Cafeína)
Instagram: @marcosencante
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