Goivas e pincéis
espalhados no assoalho da sala,
cumbucas cheias de piriquitis,
era sonhador na dor,
um bom avoador,
um típico belim-belim de tão desengonçado.
Era de um todo um só,
vivia meio que desemparelhado,
mal sabia que o amanhã o esperava sem pena
logo após amarrar os calçados,
aqueles velhos já com buracos
de tanto calcar pedregulhos.
Andarilhar era quase seu trabalho.
Seu sorriso era sua melhor atração,
lhe dava o melhor trocado.
No bolso costurado,
carregava seu quase melhor amigo,
o "dedoche" Augusto.
Cheio de conselhos embaraçados,
mas nesse mini fantoche,
havia aquela criança feliz que deixara para trás.
A saudade de ser era maior que um botão cabia tranquila,
no fundo do seu humilde coração.
E nada disso mais importava.
Seguia cantando enquanto andava no fio da calçada
à espera do amanhã que novamente, sem pena, lhe aguardava.
Gabi Zulli
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