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Foto do escritorAline Pedrosa

Imutável

Meu coração certamente tem marcas, estrias até, penso. De tanto que aumenta e encolhe, tem essa herança, como a gente, no vai e vem do peso. Cicatrizes também tenho, e assim sendo, já não sangram, de fato, mas me saltam aos olhos e ouvidos gritando: veja bem! Lembre todo o sofrimento para que chegássemos até aqui. Sigo com essas marcas, fora as de nascença e genéticas: sinais, expressões, fazer u com a língua e meu lóbulo solto da orelha, fruto de um alelo dominante, pois é, dominante. Sou canhota, alelos específicos causam isso também. Diz a ciência que canhotos são aproximadamente 0,51 segundos mais rápidos que destros. Quando descobrir a vantagem desse tempo, faça algum sentido para mim. Tudo é muito relativo. Saber da atuação genética desses alelos que me compõem, só me faz compor meus universos paralelos. Mas sou eu, que sempre estive no meu comando, que hoje esqueço as marcas, sinais e expressões, para me reinventar e manter só o imutável que há em mim.

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