Amanhã
Quando vieres, não sejas de hoje
Simples repetição
Sê surpreendente, chega de repente
Feito vento gelado
Em meio ao verão
Amanhã
Quando vieres, não sejas também
Tão prepotente
Chega simplesinho, chega com carinho
Pois serás a novidade
Temperada com o presente
Amanhã
Quando vieres, não sejas chão duro
Indiferente a quem lhe pisa
Sê planície aluvial, ou como areia do litoral
Infinito e maleável
Aos caprichos do mar e da brisa
Amanhã
Quando fores chão, não sejas duro com os pés
Ditando-lhes caminhos e compassos
Sê como um caminhante, sempre um passo adiante
Sê a orla de um futuro
Sempre aberto a novos passos
Amanhã
Quando vieres, não sejas simplesmente
Força fugaz que motiva
Sê alavanca do mundo, uma âncora em mar profundo
No tempo, não sejas passageiro
Sê a locomotiva
Amanhã
Quando vieres, não venhas imaculado
Feito papel em branco
Traz contigo um passado, feio, belo ou fracassado
E faz dele molde necessário
Para um destino mais franco
Amanhã
Quando chegares, não te apresses
Demora para ir embora
Sê extenso intervalo, sê contínuo regalo
Um presente lindo e constante
Feito nas variáveis do agora
Amanhã
Quando deixares de ser amanhã, ao partir
Deixa ao menos teu testemunho
Deixa rastros de amor, esboça o fim de toda a dor
Oh, amanhã, sê utopia definitiva!
Não sejas apenas mais um rascunho.
Amélia Greier
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